7/17/2006

Mulher de vestido.

   Dia desses eu estava num parque da cidade sem muita motivação, as vezes cabisbaixo, olhando de um lado para o outro e não encontrava nada de interessante.
   Comecei a observar alguns macaquinhos nos galhos das árvores descendo constantemente ao chão para conseguir comida distribuída por curiosos ao redor.
   Aproximei daquele cenário e também arrisquei dar pipoca aos bichinhos. O tempo passava e aquilo era a coisa mais interessante até o momento.
   Foi aí que por acaso, admirado com a exaltação exagerada promovida pelos espectadores àquele episódio, comecei a reparar nas pessoas em volta e quão agradável surpresa foi ver ao meu lado uma lindíssima mulher.
   Dentre as inúmeras qualidades que pude notar, além de sua beleza estonteante, uma das características  que me chamaram a atenção foram os seus trajes. Apresentava-se como uma pessoa coerente no modo de vestir-se, extremamente sensual sem o menor vestígio de vulgaridade e denotava um intelecto elevado.
   Trajava um vestido verde bem claro, aparentemente macio aos olhos. Uma visão simplesmente fabulosa.
   Notei algumas adolescentes muito bonitas no local, porém não se destacavam pelo fato de estarem ao lado daquela diva.
   Devido a sua presença, eu já havia me esquecido completamente dos outros personagens da cena, dos coadjuvantes e de todo o resto, entretanto, ainda observador, vi que o ambiente começou a ser tomado por homens. Sinceramente não sei de onde surgiram tantos em tão pouco tempo e quando percebi já estavam em maior número que os animais e as crianças.
   Me restou apenas afastar, achar um banquinho, sentar e ficar analisando: Mulher de vestido é bem mais feminina.
   Atento aos novos detalhes pude perceber que nenhuma outra no local demonstrava estar à vontade com a sua presença. Ao meu ver, pareciam procurar encontrar algo para ofuscar tantos atributos.
   Constatei então que, a maioria das mulheres presentes no parque usavam calças, alternando entre o jeans e outros tecidos e apenas uma pequena quantidade aparecia de saias, talvês porque esse tipo de roupa deixe as silhuetas bem mais definidas - principalmente quando o destaque é focado no umbigo à mostra, inclusive com uma grande variedade de piercings e barriguinhas bem definidas, descoloridas artificialmente.
   Mas a aquela deusa era sem dúvida a mais atraente, nem tanto pela beleza incontestável, mas pela feminilidade, a sensualidade exalada despropositalmente, o olhar, as cores das roupas escolhidas em harmonia, enfim, todo o conjunto.
   A observância desses detalhes está  ficando rara, não sei se por causa de padrões de beleza, ausência de personalidade ou necessidade de aceitação. Até imaginei que fosse algo associado à conquista de uma  mobilidade maior, justificável pelas exigências do mercado de trabalho.
   De qualquer forma, continuo apreciando mulheres, lógico! Seja com ou sem roupas, mas ressalto de agora em diante uma maior atração pelas que usem vestidos.
  Resumindo, não poderia concluir sem aprender uma lição com essa experiência, de modo a ajudar moldar um pouco mais a minha personalidade.
   Desde então, estou convicto de que uma pessoa sabendo se portar de acordo com o ambiente, mesmo quando aparentemente não hajam regras pré estabelecidas, atrai para si a admiração de muitos, ainda que não tenha a beleza e o carisma da dama que usei como exemplo.

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